Plantas Tintureiras
Conheça as plantas tintureiras selecionadas e a lã da ovelha campaniça

Genista tinctoria L. (Família das Fabáceas)
GIESTA-DOS-TINTUREIROS
Subarbusto não espinhoso que pode atingir de 30 cm a 1 m. É uma planta perene que cresce vigorosamente quando bem regada. Produz vagens com muitas sementes, as quais se usam para a sua propagação. A sementeira deve ser feita na primavera. As sementes requerem um pré-tratamento por escarificação física para germinarem. Como se trata de uma leguminosa, as sementes são duras, com um tegumento que impede a germinação, tornando-se necessária a sua remoção total ou parcial. Desenvolve-se em solos pobres, que podem ser alcalinos, no entanto prefere solos ácidos. É exigente em água, por isso requer regas frequentes em solos bem drenados. Depois de estabelecida, torna-se uma planta vigorosa que requer podas frequentes. As podas de primavera e verão asseguram a produção de maior quantidade de pigmento. A floração decorre de maio a agosto. O pigmento amarelo (luteolina) extrai-se a partir das folhas e ramos, mas, segundo alguns autores, as flores de primavera e início do verão são as que produzem o melhor pigmento. Não existe naturalmente na flora portuguesa.
Indigofera tinctoria(Família das Fabáceas)
ÍNDIGO
É uma planta lenhosa de folha caduca que pode atingir 1 a 2 m de altura. As folhas são compostas por vários folíolos e terminam num folíolo (pinadas). Produzem cachos de flores papilionadas de cor alaranjada ou rosada, que dão origem a vagens nas extremidades dos ramos, com muitas sementes. Propaga-se por sementes, que requerem um pré-tratamento por escarificação física para germinarem. Como se trata de uma leguminosa, as sementes são duras, com um tegumento que impede a germinação, tornando-se necessária a sua remoção total ou parcial. Prefere zonas abertas, ensolaradas e bem drenadas. Requer solos húmidos e uma boa fertilização. A época de floração é na primavera. Estas plantas tintureiras não contêm pigmentos diretamente extraíveis, mas sim um precursor do índigo: a indicana. Ao contrário do pastel-dos-tintureiros, o índigo tem origem asiática (o nome indicum, do latim, significa índigo, de indicus, isto é, indiano) e produz o verdadeiro índigo – pigmento azul – que se extrai das folhas. Os ramos situados a 10-20 cm do solo são cortados na época da floração, de preferência de plantas com 4 a 5 meses. É possível obter 3 colheitas por ano. A Indigofera tinctoria não existe naturalmente na flora portuguesa.


Isatis tinctoria L.(Família das Brassicáceas)
PASTEL-DOS-TINTUREIROS
Existe na flora portuguesa, aparecendo em terrenos incultos. A Isathis tinctoria é uma planta herbácea anual ou bienal que se propaga facilmente por semente. Prefere zonas abertas, ensolaradas e bem drenadas, mas requer solos húmidos e uma boa fertilização. Também pode ser cultivada como pastagem. A sua raiz pivotante melhora a estrutura do solo. Tem propriedades medicinais. O nome ‘Isado’, do grego, significa ‘curar’. A época de floração é na primavera (maio). A sua origem é europeia. Na Flandres da Idade Média o pastel permitia obter diferentes tons de azul. Nos Açores, floresceu a indústria pasteleira, associada ao cultivo do o pastel-dos tintureiros, trazido pelos flamengos para a ilha do Faial, no século XV. O pigmento azul (indigotina) extrai-se das folhas da roseta, podendo ter 3 a 4 colheitas por ano.
Reseda luteola L.(Família das Resedáceas)
LÍRIO-DOS-TINTUREIROS
Existe na flora portuguesa em campos agrícolas cultivados ou incultos, pousios, pastagens, bermas de caminhos, baldios, entulhos e em meios perturbados. Planta arvense e ruderal, com alguma preferência por solos arenosos. Planta herbácea anual ou vivaz que não chega a tingir 1,5 m de altura. No primeiro ano forma uma roseta de folhas basais que, na primavera, emitem um escapo floral no topo, do qual se distribuem minúsculas flores de cor branca, que vão dar origem a pequenos grãos escuros, os frutos, que contêm as sementes. As plantas do segundo ano são utilizadas para extração do pigmento amarelo. Não se deve plantar mais do que dois anos seguidos no mesmo solo. Desenvolve-se melhor em solo onde foram cultivadas outras plantas tintureiras. Propaga-se por semente. As minúsculas sementes requerem luz para germinar, por isso não se devem enterrar. Prefere solos calcários e alcalinos, de pH elevado, mas não se deve fertilizar em excesso. É muito sensível a danos na raiz, o que pode dificultar o transplante. O pigmento de cor amarela (luteolina) extrai-se dos caules, folhas e casca das sementes. É preciso cultivar muitas plantas, com elevada densidade, para se obter matéria corante em quantidade suficiente. A floração decorre de abril a setembro. É colhida à floração em agosto, época em que contém maior teor de matéria corante, principalmente nos caules mais estreitos e finos.


Rubia tinctorum(Família das Rubiáceas)
RUIVA-DOS-TINTUREIROS / GARANÇA
A ruiva-dos-tintureiros é uma planta herbácea vivaz, que desaparece no inverno e volta a aparecer na primavera seguinte, cujas raízes são usadas em tinturaria. A família das Rubiáceas inclui também plantas muito conhecidas como o café e o quinino. As plantas desta família apresentam como características o caule escandente (frouxo, trepadeira), cobertos de folhas verticiladas (i.e. dispostas em andares – verticilos) de forma oblonga-lanceolada, fortemente denticuladas e espinhosas nas bordas. As flores são de um amarelo vivo em cimeiras axilares ou terminais. A época de floração é entre a primavera e o verão. Forma rizomas espessos – caules subterrâneos – e raízes rastejantes. Propaga-se melhor por estacas do que por semente. O pigmento de cor vermelha (antraquinonas como a alizarina) extrai-se das raízes. As raízes ‘velhas’, de plantas com 2-3 anos, atingem o diâmetro adequado à extração da matéria corante de melhor qualidade. Para obter um elevado teor de corante nas raízes é necessário um solo alcalino (pH elevado e de preferência rico em cálcio) pelo que é frequente recomendar-se uma calagem, com substratos calcários.
Serratula tinctoria L.(Família das Asteráceas)
SERRATULA
Planta vivaz, ereta, que pode atingir 1 m de altura. Serratula tinctoria tem origem na Europa, pode encontrar-se por todo o continente, desde o sul da Escandinávia, exceto em Portugal e Espanha. O nome científico Serratula refere-se às folhas em forma de serra. É uma espécie dioica. As flores individuais são femininas ou masculinas e encontram-se em plantas diferentes, pelo que, quando se pretende produzir sementes, é necessário cultivar os dois tipos de plantas. É polinizada por moscas e abelhas. Propaga-se por semente, que requerem pré-tratamento por escarificação física, para remoção do tegumento, o que facilita a germinação. Prefere solos neutros e alcalinos. Requer solos bem drenados e boa exposição solar. A época de floração é entre setembro e outubro. O pigmento amarelo (luteolina) extrai-se das folhas, e não dos caules, que devem ser apanhadas no fim do ciclo cultural, quando o teor em flavonoides é mais elevado. Existe na flora de Portugal, em matos e relvados húmidos.


Sorghum vulgare(Família das Poáceas)
SORGO
O sorgo não existe naturalmente na flora portuguesa. É uma gramínea tropical domesticada como cereal de pragana há mais de 8000 anos, na África Subsariana. Sorghum vulgare (sinónimo de Sorghum bicolor) é uma planta anual que se propaga exclusivamente por semente. É uma cultura bem-adaptada a condições de sequeiro, pelo desenvolvimento do seu sistema radicular e reduzida transpiração. Pode ser cultivado para forragem, grão, açúcar, biocombustível ou vassouras. Na europa não é muito conhecido como planta tintureira, ao contrário do continente africano onde é utilizado para tingir lã, ráfias para tapetes e pele para sapatos. As variedades não comestíveis são mais ricas em pigmento, mas também podem utilizar-se os resíduos da cultura para extração de matéria corante (glumas e testa, vulgarmente conhecidos como ‘casca da semente’). Entra em floração de julho a setembro. O pigmento de cor vermelha (desoxiantocianidas, como a apigenidina) extrai-se da folha bandeira, bráctea localizada logo abaixo da inflorescência, mas também da bainha das folhas ou partes da planta, como caules e sementes.